Trabalho a quente conforme NR 34.

Olá prevencionistas!

Hoje como de costume vamos trazer um tema bastante significativo, mas pouco entendido por muitos profissionais da área de segurança, saúde e meio ambiente SSMA, o conceito de trabalho a quente. Acidentes de grandes proporções poderiam ter sidos evitados pelo simples fato de conhecer esse conceito.

Várias discussões envolve esse assunto e a partir de agora vamos trazer a luz o que a regulamentação brasileira nos diz.

A norma regulamentadora NR 34 condições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção, reparação e desmonte naval, define que o trabalho a quente se caracteriza pela atividade que gere fontes de ignição tais como, goivagem, esmerilhamento, que compreende atividades de solda, cortes e desbastamentos que por sua vez produzem aquecimento de superfícies, centelhamento ou chamas.  As ferramentas mais utilizadas que se enquadram nessas características são: máquinas de solda e eletrodos, oxi-corte, esmerilhadeira , furadeira, maçarico e máquinas portáteis rotativas.

Então, agora que temos o conceito de trabalho a quente bem definido, não vamos parar por aqui, pois, só conhecer o conceito não evita acidentes.

Vamos falar agora das principais medidas de segurança que devem ser observadas quanto ao manuseio de equipamentos, inspeções, proteção contra incêndios qualificações e treinamentos.

Let’s go...

O conceito de organização e limpeza deve ser adotado em toda e qualquer atividade, mas quando se trata de trabalho a quente, algumas precauções específicas devem ser tomadas para eliminar riscos que potencializem um evento de acidente.

O local onde será realizado o trabalho a quente bem como suas proximidades devem estar limpos, secos e isentos de materiais combustíveis, inflamáveis, tóxicos e contaminantes, como por exemplo, gasolina, álcool, madeira, plástico e tinner, que em contato com a fonte de ignição podem provocar incêndios de pequenas ou até mesmo de grandes proporções. Depois de constatado que as ações de segurança foram concluídas a área poderá ser liberada para a realização do trabalho a quente.

Como estaremos envolvidos com atividades que geram chamas e calor, devemos garantir que os dispositivos de proteção e combate a incêndios estejam disponíveis próximo onde será realizado o trabalho. O dimensionamento dos recursos de proteção contra incêndio como extintores, hidrantes, mantas térmicas deve ser realizado pela equipe de SSMA, equipe de brigadistas ou pelo executante da atividade, desde que esse tenha o treinamento sobre combate a incêndios. Ao realizar o levantamento do material é necessário levar em consideração a quantidade de produtos inflamáveis e combustíveis presentes no local e em suas proximidades de forma a prover a quantidade de recursos, que em caso de emergência, supra a necessidade de atenuação do incêndio. Além das medidas já estabelecidas acima, devemos providenciar também os equipamentos de proteção coletivas, chamado de EPC, que vão garantir a proteção física adequada que impedirão o contato com materiais combustíveis ou inflamáveis, bem como a invasão involuntária  em atividades paralelas ou na circulação de pessoas.

Ao término do serviço deve ser feita uma inspeção, a fim de evitar princípios de incêndio provenientes de alguma rebarba de solda ou alguma condição não identificada durante a execução do trabalho.

Já falamos dos possíveis riscos que o trabalho a quente provoca e da probabilidade de acontecer acidentes, caso as medidas de controle não sejam eficazes. Agora vamos falar dos riscos imperceptíveis e aparentemente inofensivos, que afetam a saúde ocupacional dos colaboradores, os fumos e contaminantes.

Os fumos metálicos e contaminantes são formados a partir de vapores e gases que se desprendem das peças em fusão, seja da superfície da peça, seja do eletrodo, do revestimento do eletrodo ou de substâncias adicionadas à solda.

Para prevenir esses riscos, devem ser implementadas as seguintes medidas de controle:
  • a)      Alguns produtos químicos são utilizados para remover e/ou limpar peças antes de serem manuseadas para manutenção ou reparo, contudo se a peça for passar pelo trabalho a quente é obrigatório que seja limpa de qualquer produto que a envolva, a fim de evitar a geração de contaminantes,
  • b)      Na impossibilidade de conhecer os gases liberados no processo de trabalho a quente, deverá ser utilizado protetor respiratório autônomo ou proteção respiratória de adução por linha de ar comprimido ou conforme determinado no programa de Proteção Respiratória - PPR.
  • c)       Os trabalhos devem ser realizados preferencialmente em locais abertos e ventilados, caso contrário é necessário prover dispositivos para a renovação de ar de modo a eliminar gases, vapores e fumos  gerados durante o processo. Um bom exemplo é o exaustor de ar.
  • d)      Sempre que ocorrer mudança nas condições já preestabelecida em análise de risco, as atividades devem ser interrompidas e reavaliadas para garantir a segurança de toda operação.


Sendo assim, para que tenha sucesso na execução de qualquer atividade é necessário um planejamento bem definido abrangendo todos os aspectos e recursos necessários para a tarefa. Uma análise preliminar de risco (APR) bem elaborada previne acidentes e desenvolve a mentalidade de segurança amadurecida da sua equipe.  Para que a APR atenda a critérios preventivos ela deve conter as seguintes considerações:

  • Determinar as medidas de controle;
  • Definir o raio máximo seguro de pessoas e outras atividades;
  • Sinalizar e identificar a área para garantir que outras pessoas não acessem o local e se exponham aos riscos da atividade,
  • Definição dos equipamentos de proteção individual  básicos para trabalho a quente, este deve ser feito de acordo com equipamentos, local e ferramentais a serem manuseados;


Outros controles são:

Emitir documento formal registrando todos os perigos, riscos e medidas de controle especiais adotadas para o inicio do trabalho, esse documento é denominado como permissão de trabalho.
Para a atividade realizada acima do nível do solo é necessário o fechamento de qualquer abertura abaixo, de formas a evitar que a projeção de fagulhas venha atingir outras pessoas em outras atividades no nível inferior.

Quando definido na APR, o observador deve acompanhar as atividades até a conclusão do serviço. Este deve possuir treinamento especifico de prevenção e combate a incêndio para conforme o anexo 1 da NR 34.

Apesar desse rico conteúdo referente ao trabalho a quente, esse é só o inicio do caminho a ser trilhado pelo profissional que queira se aprofundar mais em conhecimento e técnicas para o exercício da função. Como podemos ver, existem vários equipamentos que podem gerar fontes de ignição e, para que você conheça a forma segura de trabalho dele é fundamental que você passe por treinamentos específicos que vão aprimorar ainda mais os conceitos preventivos para o trabalho a quente. Esses treinamentos devem ser realizados por empresas credenciadas, que possuam instrutores qualificados no tema aqui proposto, juntamente com cargas horárias definidas que  podem durar de 04 (quatro) a 08 (oito) horas   de acordo com a necessidade e módulos.

Até breve pessoal!

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